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II Encontro do GELLNORTE

MINICURSOS

01 - TRADUÇÃO COM PARTIDO

PROPONENTES: Dr. Fernando Scheibe (UFAM)

ÁREA TEMÁTICA: 22. Tradução

RESUMO: Traduzir é um gesto político. A xenofilia presente em "albergar o longínquo" (Antoine Berman) implica por si só uma tomada de partido: o partido da abertura ao outro, da "comunidade fundada na ausência de comunidade" (Georges Bataille), ou seja, da comunidade que jamais se fecha na ilusão mortífera de um indivíduo coletivo. Mas é claro que essa hospitalidade não se dá sem conflitos. Atravessada pelas forças do "fontismo" (o apego ao original e à língua-fonte ou de partida) e do "alvismo" (a consideração pela língua-alvo ou de chegada), a tradução é uma práxis em constante reformulação. A proposta deste minicurso é, a partir de exemplos concretos (do francês, do inglês, do italiano, do espanhol... para o português brasileiro) e de algumas especulações tradutológicas (Schleiermacher, Walter Benjamin, Henri Meschonnic, Antoine Berman, Barbara Cassin, Mona Baker...) discutir as possibilidades e os impasses da tradução, essa "tarefa sublime e impossível" (Jacques Derrida), levando em consideração aspectos linguísticos, discursivos, culturais, socioeconômicos, mercadológicos... Os inscritos não precisam dominar (aliás, quem domina?) nenhuma outra língua, mas se você se interessa por tradução, o que está esperando para começar a escalada (sublime, impossível, infinita) da torre de Babel?

02 - ARQUIVO, COLEÇÃO, MEMÓRIA: UM ENCADEAMENTO DE IMAGENS NA POESIA BRASILEIRA

PROPONENTES: Ms. Fabio Fadul de Moura (UNICAMP/FAPESP)

ÁREA TEMÁTICA: 7. Estudos em literatura comparada

RESUMO: O presente minicurso propõe discutir o trabalho crítico-criativo de possíveis sistemas mnemônicos de organização do mundo, dos afetos e do saber por parte de poetas brasileiros modernos e contemporâneos. Tendo como ponto de partida uma perspectiva de caráter interdisciplinar e comparativista, procura-se investigar o modo como alguns poetas – a exemplo de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Astrid Cabral e Luiz Bacellar – apropriamse de categorias como arquivo, coleção e memória e realizam um deslocamento delas para seus livros no momento em que estão a tratar de objetos, de espaços ou, ainda, em outra escala, da escrita de autores que migram para seus textos poéticos por meio de jogos intertextuais. A ideia de "encadeamento" apontada pelo subtítulo diz respeito ao percurso por perspectivas teóricas de Michel Foucault, Jacques Derrida, Paul Ricoeur, Walter Benjamin, Maria Esther Maciel e Márcio Seligmann-Silva, o qual compreende um trajeto que inicia na crítica aos modelos taxonômicos de registro, passa pela observação do conceito de arquivo e alcança na coleção benjaminiana um modo criativo de estruturação do mundo. Dessa maneira, será necessário partir de poemas para revelar como os autores tratam a arbitrariedade dos sistemas supracitados, em um primeiro momento, ao passo que subvertem a lógica ordenadora que os define, em outro. Intenta-se, por fim, discutir como o trabalho com a palavra poética mostra a relação entre sujeito lírico e memória afetiva, buscando evidenciar que as estratégias de registro dessa memória repercutem na fatura textual.

03 - ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA PARA O ALUNO SURDO

PROPONENTES: Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT), Dr. Carlos Roberto Ludwig (UFT)

ÁREA TEMÁTICA: 11. Língua Brasileira de Sinais

RESUMO: O objetivo deste minicurso é apresentar algumas ações a serem implementadas pela escola a fim de legitimar a libras e a diferença surda no processo de ensino e aprendizagem. O Brasil possui uma legislação extensa que prevê, a curto prazo, a implementação de uma educação bilíngue para surdos, seja em escolas bilíngues, classes bilíngues ou escolas inclusivas. Desta forma, a escola deve se organizar a atender as especificidades linguístico-culturais de seus alunos surdos. Isso inclui a oferta de um ensino em libras, ensino de libras, ensino de português como segunda língua, presença no intérprete dentro e fora da sala de aula, verificação de conhecimento em libras, verificação de conhecimento em português (considerando a relação específica que os surdos brasileiros possuem com a língua portuguesa), uso e difusão da libras na instituição, dentre outras ações. Especificamente nesta oficina, refletiremos sobre a interpretação simultânea das aulas, avaliações em libras, atividade de tradução de provas do português para a libras (vídeos), atividade de tradução da libras para o português (oral e escrito), o levantamento e o registro de termos científicos em libras pela escola, bem como a promoção da cultura surda na instituição. Na oportunidade, discutiremos também sobre algumas atribuições do intérprete educacional, no contexto de educação inclusiva, e sobre epistemologias surdas.

04 - LETRAMENTOS SOCIAIS E FORMAÇÃO DOCENTE NUMA PERSPECTIVA INTERCULTURAL INDÍGENA

PROPONENTES: Dra. Áustria Rodrigues Brito (UNIFESSPA), Ms. Thiago Silva e Silva (IFMA)

ÁREA TEMÁTICA: 12. Línguas, poéticas e culturas populares

RESUMO: Nossa proposta de minicurso objetiva discutir questões como Formação de professores indígenas e não indígenas numa perspectiva multicultural; letramentos dêiticos, ideológicos, cultural na perspectiva de Street (2007); a produção e transmissão de saberes. A tradição oral e revitalização da língua materna em comunidades obsolescentes; a educação escolar indígena a e as propostas de atividades orais, escritas e produção textual considerandos os letramentos sociais; O pluriculturalismo e a escola específica e diferenciada. Tudo isso para refletir sobre as práticas de letramentos no contexto da comunidade indígena e proposição sobre a criação de material didático na área. Aqui, estaremos usando o termo "Letramentos" adotado por Street (2007), por consideramos que essas práticas não são universais, logo deve se levar em consideração os diferentes espaços em que os sujeitos vão construindo suas identidades e ideologias. Defendemos que a leitura e a escrita são atividades que não podem estar desassociadas do contexto históricosocial do leitor- produtor, haja vista que estes interagem na e pela linguagem em diferentes contextos situacionais. Desse modo, estaremos ainda, valorizando uma literatura oral e redimensionando o próprio conceito do termo Literatura, em que a oralidade não era objeto de estudo e análise. Para fomentar essas proposições nos pautamos em Street (2007), Rojo (2005, 2012), Soares (1999, 2001), Marinho (2010) Kleiman (1995).

05 - CONCEPÇÕES DE ALFABETIZAÇÃO NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO: DO PRÓ-LETRAMENTO A BNCC

PROPONENTES: Dra. Elizabeth Orofino Lucio (UFPA-IEMCI)

ÁREA TEMÁTICA: 14. Linguística Aplicada

RESUMO: A escrita e a leitura são atividades humanas que permeiam a vida social, contribuindo para as relações e para o desenvolvimento da inteligência, uma vez que, por meio delas, o homem cria e registra seus feitos assim como produz novos sentidos para a vida. Desse modo, faz-se necessário, cada vez mais, refletir sobre os efeitos que essas atividades produzem sobre as sociedades grafocêntricas. Essas atividades, como meio de comunicação, produção e divulgação do conhecimento, leitura e escrita, podem ser um fator de desenvolvimento para alguns ou de exclusão social para aqueles que não a dominam plenamente. Este minicurso dedica-se à compreensão das concepções do processo de alfabetização, debruçando-se sobre os conceitos que a sustentam: infância, linguagem, discurso, ensino, aprendizagem e sistema de escrita, presentes no contexto histórico contemporâneo brasileiro, nos programas de formação Pró-letramento, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e na Base Nacional Curricular Comum do Ensino Fundamental. Os modos pelos quais a criança acede à linguagem escrita são explorados, visando defender que as práticas alfabetizadoras sejam intencionais, sistematizadas e comprometidas com a cultura escrita, ou seja, que a alfabetização se dê em meio a práticas situadas e contextualizadas de leitura e de escrita.

06 - CONTRIBUIÇÕES DA SEMIÓTICA DISCURSIVA PARA O ENSINO DE LITERATURA

PROPONENTES: Dra. Luiza Helena Oliveira da Silva (UFT), Dr. Márcio Araújo de Melo (UFT)

ÁREA TEMÁTICA: 6. Estudos do discurso e da enunciação

RESUMO: Como semioticistas e estudiosos da literatura, de que nos ocupamos senão da leitura, compreendida como gesto de produção de sentido para os textos do mundo? Considerando o modo como compreendemos esses gestos de fazer ser o sentido, como articulá-los de forma coerente com as propostas pedagógicas que atualizamos no contexto escolar? A partir desses questionamentos, o minicurso que propomos tem como principal objetivo apresentar contribuições da semiótica discursiva e da sociossemiótica para o tratamento do texto literário na educação básica. Para isso, tomamos como ponto de partida alguns conceitos advindos dessas teorias em diálogo com estudos literários, elegendo como temáticas: a) o sentido como construção que engaja o sujeito na relação sensível e cognoscível com os textos, objetos, qualquer coisa que se apresente como uma alteridade (LANDOWSKI, 2001); b) o lugar da subjetividade (ROUXEL, 2013; 2014) e dos percursos particulares de leitura, denominados na metalinguagem da teoria como isotopias de leitura (BERTRAND, 2003); c) distinções entre leitura e captação (LANDOWSKI, 2011); d) a noção de contágio (LANDOWSKI, 1998); e) as coerções de natureza ideológica que definem o que pode ou não ser lido, definindo comprometimentos do leitor que antecedem a relação de ordem sensível e inteligível (SILVA, 2017); f) a interação (LANDOWSKI, 2014) . Ao mesmo tempo, analisamos os efeitos da leitura literária a partir da análise de romances que tematizam o estatuto do leitor. Interessa-nos considerar o modo como nossos artefatos teóricos podem nos ajudar a compreender relações de natureza sensível e inteligível que traduzem essa experiência em romances, levando em conta o modo como figurativizam a própria disponibilidade do sujeito para a experiência da leitura (SILVA e MELO, 2018).

7 - ENSINO DE PORTUGUÊS COMO L2 PARA ESTUDANTES INDÍGENAS: CONTRADIÇÕES E DESDOBRAMENTOS

PROPONENTES: Dr. Heliud Luis Maia Moura (UFOPA), Dra. Maria Aldenira Reis Scalabrin (UFOPA)

ÁREA TEMÁTICA: 20. Políticas Linguísticas

RESUMO: O objetivo deste minicurso é discutir questões de política linguística referentes ao ensino de Português como L2 para estudantes indígenas, tendo em conta as concepções mobilizadas nos contextos acadêmicos e as ações aí implementadas. Tomo como referencial teórico as postulações de Rajagopalan (2000, 2003, 2005, 2008, 2015); Lagares (2000, 2008, 2009); Bourdieu (1996); Bakhtin/Volochínov (2014), para os quais, as ações e projetos de política linguística são constituídos por contradições, conflitos e instabilidades, trazendo como consequência indeterminações e fragilidades, tanto no campo acadêmico quanto no campo social, especificamente quando observamos a situação em que se encontram os estudantes indígenas dos cursos de graduação da universidade. Nesse sentido, este minicurso pretende discutir, dos pontos de vista teórico e prático, a situação desses indígenas quando precisam interagir nos diferentes espaços acadêmicos, levando em conta as dificuldades no que diz respeito ao domínio dos gêneros discursivos/textuais requeridos por tais espaços, observando-se, sobretudo, níveis de proficiência linguística ainda insuficientes para as exigências de caráter institucional. Tendo em conta as reflexões necessárias para superação dessa problemática, analisamos, via discursos dos indígenas, propostas e encaminhamentos a serem tomados, o que poderá ser feito por meio da construção de uma consciência reflexiva por parte dos próprios indígenas, o que se dá, inevitavelmente, pela criação de projetos e políticas específicas, mormente aquelas voltadas para os contextos culturais em que estão inseridos esses sujeitos, proporcionando-lhes condições adequadas e suficientes para o rompimento com as exclusões a que ficaram historicamente relegados.

8 - PRÁTICA DE TRADUÇÃO: TEXTOS LITERÁRIOS, LINGUAGEM CRIATIVA E REGIONALISMOS BRASILEIROS NO MUNDO ANGLÓFONO

PROPONENTES: Dra. Carolina Barcellos (UnB)

ÁREA TEMÁTICA: 22. Tradução

RESUMO: A tradução de textos literários impõe alguns obstáculos bastante particulares aos tradutores. São textos que apresentam usos criativos da linguagem e se valem de diferentes efeitos estéticos para a construção de significados. Elementos de vários níveis – desde o grau de coloquialidade, a consistência nas escolhas lexicais que marcam o discurso de determinado personagem até mesmo a diferenciação no tratamento de trechos pertences a diálogos ou à narração – precisam ser considerados. O texto literário apresenta ainda traços estilísticos que o definem e, não raro, constroem a reputação de seus autores. Todos esses elementos exigem sensibilidade, conhecimento linguístico e cultural dos tradutores. É comum que a experiência acumulada em anos de trabalho acabe interpretando um papel importante no desenvolvimento de estratégias para lidar com os obstáculos impostos por esse tipo de texto. Para contornar isso, a formação desses profissionais, hoje em dia cada vez mais presente nas instituições de nível superior, tem se beneficiado, sobretudo, dos resultados de pesquisas com base em corpora eletrônicos e de natureza cognitiva, como aquelas que empregam eye tracking. A partir desse contexto, este minicurso pretende 1) apresentar um panorama introdutório sobre a tradução de textos criativos, em geral, e de textos literários, em particular; 2) discutir questões problemáticas como, por exemplo, a tradução de elementos culturais específicos, modos de falar típicos de determinadas regiões e idiomatismos tomando como base tanto exercícios práticos quanto resultados de pesquisas baseadas em corpora paralelos; e 3) debater algumas práticas do mercado editorial. Os tradutores literários são, afinal, responsáveis pela criação de um novo texto, que estabelecerá relação com uma nova cultura e causará impacto estético/afetivo em um público distinto do público para quem a obra original foi escrita. Esse é um trabalho que envolve técnica e conhecimento e que pode ser aperfeiçoado em sala de aula.

9 - POLÍTICAS LINGUÍSTICAS: DEFINIÇÕES E QUESTÕES CORRENTES

PROPONENTES: Dra. Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira (UFPA)

ÁREA TEMÁTICA: 20. Políticas Linguísticas

RESUMO: O presente curso tem como objetivo apresentar, refletir e discutir algumas definições de Políticas Linguísticas, a partir de uma análise crítica do ensino de português como língua adicional ou estrangeira e das muitas questões que envolvem as línguas indígenas no Brasil. Discutir-se-á o quanto as decisões sobre uma educação monolíngue, bilíngue ou multilíngue é de caráter altamente político, influenciada por ideologias dominantes e por fatores históricos, econômicos e socioculturais. Tudo isso em oposição aos direitos linguísticos que são parte inextricável dos direitos humanos. Do mesmo modo, apontar-se-á para o fato de que o estabelecimento de políticas linguísticas claras, embora seja um grande desafio, é uma estratégia de promoção da igualdade racial, étnica, linguística, cultural e de grupos sociais distintos.

10 - ENSINO DE LITERATURA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS EM CONTEXTO AMAZÔNICO

PROPONENTES: Ms. Stéphanie Soares Girão (UNICAMP/FAPEAM-UFAM)

ÁREA TEMÁTICA: 15. Literatura e Ensino

RESUMO: Este minicurso tem por objetivo analisar as concepções sobre ensino de literatura adotadas por duas Licenciaturas em Línguas Estrangeiras da região Norte do Brasil em relação às discussões teóricas sobre o tema. A partir do objetivo principal, buscamos elaborar propostas de formação de professores de línguas estrangeiras articuladas ao ensino de literatura. O procedimento metodológico está dividido em duas etapas: a primeira está fundamentada na análise documental, concentrando-se nos componentes curriculares das Licenciaturas, mais especificamente nas matrizes curriculares, nas ementas e objetivos das disciplinas. Como suporte teórico, traremos discussões ligadas às teorias de currículo (SACRISTÁN, 1991; PACHECO, 2001; LOPES, 2011) e à leitura literária (ROUXEL, 2013; PROUST, 2003; CALVINO, 2007; BARTHES, 2015; GODARD, 2017). Assim, no primeiro momento do minicurso apresentaremos a análise dos componentes curriculares aos participantes para, posteriormente, tecermos uma análise crítica coletiva fundamentada em algumas perspectivas teóricas para o ensino de literatura. Desta forma, após debates sobre o tema da formação de professores de línguas estrangeiras e o ensino de literatura, na segunda etapa do minicurso, os participantes serão convidados a elaborarem coletivamente projetos inspirados nas diversas abordagens de ensino de literatura para línguas estrangeiras, vistos no primeiro momento. Como resultados parciais decorrentes da análise documental, será possível verificar que o ensino de literatura na formação de professores de Línguas Estrangeiras ainda é concebido como um conjunto de normas relacionadas à forma do texto literário, em detrimento de abordagens outras como a recepção e formação do leitor literário, por exemplo.

11 - AS METÁFORAS AMAZÔNICAS DE EUCLIDES DA CUNHA

PROPONENTES: Dr. Carlos Antônio Magalhães Guedelha (UFAM), Ms. Iná Isabel de Almeida Rafael (UFAM)

ÁREA TEMÁTICA: 17. Literatura, História e Memória

RESUMO: O minicurso "Metáforas amazônicas de Euclides da Cunha" tem como objetivo refletir sobre o discurso metafórico de Euclides da Cunha em relação à Amazônia, e como esse discurso se organiza em textos que o autor escreveu para se referir a aspectos geográficos e paisagísticos da Amazônia, assim como à gente, às relações sociais, aos conflitos de fronteira e outros flagrantes da região. O minicurso explora também a dicotomia escrita artística x escrita científica em textos do escritor, uma vez que ele se debate em dois dilemas cruciais: primeiramente a dificuldade em lidar com uma tríplice fronteira que tinha que ultrapassar: as fronteiras do território, da ciência e do compreensível; em segundo lugar, as reflexões metalinguísticas a respeito de seus textos, quando titubeia frente às linhas cruzadas da ciência com a ficção, por sentir incompatibilidade entre texto literário e texto científico, mas ao mesmo tempo não conseguir se libertar da tendência de conciliar essas duas metodologias, para ele inconciliáveis. A análise das metáforas amazônicas de Euclides lança mão das seguintes abordagens a respeito do fenômeno metafórico: a abordagem clássica (iniciada por Aristóteles), interacionista (cujo precursor foi I. A. Richards e cujo principal expoente foi Max Black) e conceptual (criada George Lakoff e Mark Johnson) e a da metáfora viva (proposta por Ricoeur). Por meio do estudo dessas metáforas, abstraem-se as concepções que o autor de Os Sertões tinha a respeito da região amazônica.

12 - A CONSTRUÇÃO DE UMA LINGUÍSTICA COGNITIVA: CONCEPÇÕES DE MENTE E SUA RELAÇÃO COM OS ESTUDOS DA LINGUAGEM

PROPONENTES: Dra. Mábia Nunes Toscano (IFAP), Dra. Danielly Lopes de Lima (UFCG)

ÁREA TEMÁTICA: 04. Estudos de Cognição

RESUMO: A Linguística Cognitiva (LC) é uma ciência que se insere no escopo mais amplo das Ciências Cognitivas, se preocupando com as relações entre a mente e a linguagem em uma perspectiva que considera os fatores experienciais, sociais e culturais na construção do conhecimento, produção e compreensão do significado. A história e a construção da LC se confundem com o desenvolvimento das Ciências Cognitivas, pois o modo como os pesquisadores compreenderam e estudaram a mente ao longo do tempo delimitou e influenciou diretamente o modo como se estudou e compreendeu a linguagem. Este minicurso tem como objetivo traçar um percurso histórico da Linguística Cognitiva, tendo como foco principal a relação entre as concepções de mente assumidas pelas Ciências Cognitivas e as concepções de linguagem decorrentes dela. Por se tratar de uma perspectiva teórica relativamente recente, que emergiu por volta da década de 1970, ainda são escassas as obras em língua portuguesa de caráter introdutório que tratem dos fundamentos teóricos da LC. Desse modo, este minicurso procura contribuir para a divulgação desse segmento teórico, bem como das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no Brasil nessa área de estudo. Em um primeiro momento será apresentado o surgimento e consolidação da Linguística Cognitiva e a relação com as mudanças de concepção no âmbito das Ciências Cognitivas. Em seguida, serão tratados os conceitos teóricos básicos que orientam a LC, como a categorização, metáforas conceituais e integração conceitual, entre outros. Por fim, será exposto o percurso dos trabalhos desenvolvidos no Brasil, destacando as contribuições mais relevantes dos laboratórios e grupos de pesquisa nacionais. Espera-se que o minicurso possa oferecer um panorama consistente e atualizado sobre a Linguística Cognitiva e suas contribuições para a pesquisa em Linguística.

13 - A POÉTICA DA TRADUÇÃO E OS MITOS

PROPONENTES: Dra. Izabela Guimarães Guerra Leal (UFPA), Dra. Maria Inês de Almeida (UFMG)

ÁREA TEMÁTICA: 12. Línguas, poéticas e culturas indígenas

RESUMO: No Brasil, a cultura indígena é muito ampla e variada, possuindo um grande repertório de artes verbais, nas formas de narrativas e canções. Atualmente, percebe-se o crescimento dos trabalhos de tradução desse grande acervo, compreendendo trabalhos desenvolvidos não apenas por linguistas e antropólogos, mas também por poetas, musicólogos, indígenas e não indígenas. A tradução, como se sabe, é o principal gesto na constituição da obra literária ao longo de sua existência, permitindo múltiplos diálogos entre tempos e espaços que, de outra forma, estariam irremediavelmente afastados. No entanto, a tradução não pode transferir um contexto cultural para outro sem que a diferença se imponha, aquilo que uma determinada língua e cultura carregam enquanto especificidade. A proposta deste minicurso é apresentar estudos e práticas tradutórias das artes verbais ameríndias, em geral fragmentos míticos, privilegiando as abordagens especificamente literárias dos textos, o que seria fundamental para considerá-los em termos de suas poéticas, ressaltando o trabalho criativo e musical com a língua. É nesse sentido que o trabalho de poetas que se dedicam à tradução das artes verbais indígenas pode proporcionar um novo olhar a respeito dessas fontes. Trata-se de dar a esse problema um enfoque originário dos estudos de tradução: traduzir não apenas o conteúdo, ou significado, mas concentrar-se na forma do texto, no significante, para que seja possível reencenar a sua poeticidade.

14 - ETHOS DISCURSIVO: A REPRESENTAÇÃO OUVINTE NAS NARRATIVAS SURDAS

PROPONENTES: Geceilma Oliveira Pedrosa (IFAM), Eduardo Figueira Rodrigues (UNISSELVI)

ÁREA TEMÁTICA: 6. Estudos do discurso e da enunciação

RESUMO: Por muitos anos os surdos foram narrados pelo discurso do ouvinte como um ser anormal, incompleto e desprovido de cognição, por não estar dentro dos padrões de normalidade. Até mesmo no que tange à educação de surdos, prevaleceu o poder absoluto do ouvinte em decidir, de forma coercitiva, quanto ao melhor método de educação. Dessa forma, o poder ouvinte assumiu e decidiu sobre quaisquer assuntos relacionados ao povo surdo e a surdez. Com tais atitudes hegemônicas e opressoras, como afirma Lane (1994), os surdos passaram a ser rejeitados e a viverem de forma segregada. No entanto, Stokoe (1960) ao conferir a Língua de Sinais o seu real status linguístico, ocasionou por trazer o sujeito surdo para o centro de um novo cenário. Ainda em Barthes (1977), percebemos que o autor classifica a língua "como um lugar de poder", assim, ao tornarem-se usuários de uma modalidade de comunicação reconhecida como língua, as empreitadas e movimentos surdos dão início ao que denominamos de empoderamento surdo ou para o que propõe Bauman e Murray (2009) os surdos passam a enxergar-se na perspectiva do deaf gain. Tal terminologia, implica em reconhecermos os surdos pelo ganho surdo bem como toda e qualquer mudança favorável para o reconhecimento, visibilidade e melhoramentos no estatuto social, político e cultural. No entanto, ao se narrar pelo ganho surdo o ouvinte passa a ser narrado pela falta, deslegitimado dentro do espaço em que ambos construíram, estando o ouvinte numa condição subalterna. Tais formas de empoderamento, culminaram numa manifestação contra os ouvintes usuários da Língua de Sinais, ocasionando assim numa reversibilidade de efeitos de sentido entre o poder surdo e a resistência ouvinte. Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo principal analisar a representação ouvinte nas narrativas surdas e as relações de saber e poder embasadas na arqueogenealogia de Michel Foucault.

15. TRAVESSIAS, IDENTIDADES E NARRATIVAS NA AMAZÔNIA PARAENSE: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS E A MEDIAÇÃO DE LEITURA EM PROL DAS APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

PROPONENTES: Dra. Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues (UFPA), Andréa Lima de Souza Cozzi (IEMCI/UFPA), Helen do Socorro Rodrigues Dias (UFPA)

ÁREA TEMÁTICA: 9- Gêneros textuais e letramentos

RESUMO: A Ancestralidade e a cultura são alguns dos aspectos delegados a segundo ou sequer tratado no trabalho com a oralidade, leitura, escrita e literatura. A modalidade escrita se sobrepõe nas discussões e é o alvo dos encaminhamentos no trabalho desenvolvido na Alfabetização e letramento. Desse modo, os sentidos e significados (GEERTZ 1989) atribuídos às atividades pedagógicas se restringem ao uso do livro impresso que, em sua maioria, enaltece culturas e identidades eurocêntricas. Destas também são retiradas as marcas da ancestralidade. Por conta disso, há necessidade de se propor atividades envolvendo a interdisciplinaridade de modo a promoverem maior conhecimento e valorização das narrativas orais, culturas e identidades presentes nas comunidades. Uma possibilidade para isso é trazer à tona as narrativas orais das trajetórias das comunidades, relacionando-as com práticas sociais (KLEIMAN, 1998;2006) de leitura nas comunidades e na relação com outros espaços discursivos. Isso significa dizer que ao se trabalhar a literatura clássica, é possível dialogar com a literatura africana, indígena e de expressão amazônica. Assim, mobilizaríamos aspectos presentes na pedagogia Decolonial (WALSH, 2014) mostrando que as diferenças não se impõem ou concorrem, mas podem visibilizar modos de ser, poder e saber diversos e relevantes às comunidades. Em direção similar, atrelar ao trabalho com tradição oral, a importância da performance, da voz (ZUMTHOR, 1915;1987), do repertório e da escuta na Formação docente, em especial, na Educação Básica, como estratégias de se trabalhar textos variados no processo de ensino e aprendizagem da língua materna em uma perspectiva interdisciplinar. Ao trazer tais aspectos para o trabalho a ser desenvolvido pelo e com o docente, favoreceríamos a ampliação do repertório sem desconsiderar os modos de vida das comunidades, a valorização do corpo e da voz enquanto constituintes da docência que mobiliza saberes de ordens diversas no trabalho necessário à alfabetização na perspectiva do letramento.

16 - HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: PESQUISA E ENSINO

PROPONENTES: Dra. Natália Cristine Prado (UNIR)

ÁREA TEMÁTICA: 9. Gêneros textuais e letramentos

RESUMO: O principal objetivo deste minicurso é explorar a linguagem das Histórias em Quadrinhos (HQs), sobretudo as nacionais, com enfoque nos estudos linguísticos realizados a partir dessas narrativas. Assim, pretendemos, no primeiro momento do curso, explicitar as características textuais das HQs enquanto hipergênero e, no segundo momento, explorar as análises linguísticas (principalmente fonéticas/fonológicas e ortográficas) feitas a partir deste material. Embora, atualmente, os quadrinhos sejam queridos no meio acadêmico e escolar, sabe-se que, durante muito tempo, foram desconsiderados como objetos de estudos em universidades e escolas. Segundo Vergueiro (2005, p. 17), na década de 1970, muitos estudiosos simplesmente não consideravam dignos de atenção os pesquisadores interessados quadrinhos e, "com isso, colocaram um ponto final no assunto, afirmando que as histórias em quadrinhos definitivamente não pertenciam ao meio acadêmico". Além disso, segundo Ramos (2012, p. 13), levar histórias em quadrinhos para a sala de aula era algo, até pouco tempo atrás, inaceitável. Mesmo diante do atual interesse que os quadrinhos despertam e de sua inclusão no Parâmetro Curricular Nacional (PCN), notamos, que muitos professores de ensino básico sentem dificuldade em explorar esse material em sala de aula por desconhecimento de suas principais características. Portanto, a importância desse curso reside em debater as definições de quadrinhos, explorar sua linguagem verbal e não verbal e as questões linguísticas que podem ser analisadas a partir deste material. Acreditamos que o curso pode ser o primeiro passo para desenvolver o interesse pelo ensino e pesquisa a partir das HQs, hipergênero que se mostra cada vez mais presente nas leituras de crianças, jovens e adultos, além de ser cada vez mais usado em livros didáticos de língua portuguesa.

17 - TRADUÇÃO LITERÁRIA: TEORIA E PRÁTICA (INDIVIDUAL E COLETIVA)

PROPONENTES: Dr. Esteban Reyes Celedón (UFAM), Dra. Andréa Cesco (UFSC)

ÁREA TEMÁTICA: 22 - Tradução

RESUMO: A tradução literária é tão antiga quanto a própria literatura. Existe até um mito, o de Babel, que considera a tradução um castigo e o tradutor uma espécie de pecador. Contudo, nas últimas décadas, surgiu a crescente preocupação pelos estudos da tradução, e com ela as propostas de Teorias da Tradução. No âmbito da universidade brasileira, temos a criação de cursos de pósgraduação específicos no estudo da tradução, o primeiro deles é o PGET da UFSC, criado em 2003, e, pelo lado da teoria, temos, por exemplo, o professor Paulo Henrique Britto, da PUC-RJ, autor de A tradução literária, 2012. Já o Núcleo Quevedo de Estudos Literários e Traduções do Século de Ouro, que está vinculado à UFSC, e do qual fazem parte os professores ministrantes deste minicurso, vem desenvolvendo estudos, pesquisas e traduções de obras literárias espanholas para o português desde 2010. Nesta oportunidade, propomos abordar, em primeiro lugar, algumas teorias da tradução literária, tanto brasileira (Britto) quanto espanhola (Javier Franco Aixelá, professor da Universidade de Alicante); e, em segundo lugar, a nossa prática de tradução tanto individual quanto coletiva. Através deste minicurso, objetivamos fazer algumas considerações e reflexões sobre o teatro curto de Miguel de Cervantes Saavedra e Francisco de Quevedo y Villegas, mais especificamente a tradução dos entremezes El viejo Celoso (Cervantes) e, Entremés de la venta e Entremés de la ropavejera (Quevedo), ressaltando, os desafios enfrentados na tradução.Queremos propor, assim, um espaço de reflexão e discussão sobre o processo de tradução individual e coletiva dos textos destes emblemáticos escritores do Século de Ouro espanhol e contribuir para o progresso do conhecimento e da formação ao nível do ensino graduado e pós-graduado no domínio do estudo da literatura e da tradução do Século do Ouro.

18 - O PROGRAMA COMPUTACIONAL GOLDVARB X E SEU EMPREGO NOS ESTUDOS DA VARIAÇÃO DO PORTUGUÊS AMAZONENSE

PROPONENTES: Dr. Valteir Martins (UEA), Dra. Silvana Andrade Martins (UEA)

ÁREA TEMÁTICA: 21. Sociolinguística e Dialetologia

RESUMO: Este minicurso tem por objetivo explicar o funcionamento do Programa Computacional GoldVarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005), um aplicativo para Windows (3.0b3), apresentando seu emprego como importante ferramenta metodológica para a análise quantitativa de pesquisas sociolinguísticas. Para isso, serão utilizados os dados de pesquisas desenvolvidas a respeito do português amazonense, demonstrando como se efetuou a aplicação desse programa computacional. Na explanação do minicurso, serão desenvolvidos os procedimentos do tratamento dos dados para codificação no programa, o que inclui a definição das variáveis em função da pesquisa, a discussão sobre as variáveis sociais como gênero/sexo, escolaridade e faixa etária e sua relação A metodologia da análise de regra variável selecionada para o estudo envolve as seguintes etapas: definição das variáveis dependente e independente (linguísticas e extralinguísticas); delimitação da amostra; obtenção dos dados; transcrever e codificar os dados: planeja-se o sistema de codificação, em que se define para cada fator das variáveis dependente e independentes (linguísticas e extralinguísticas) um código; quantificar os dados: mede-se a influência dos fatores linguísticos e extralinguísticos na aplicação da regra. Para cada fator da pesquisa, será atribuído um valor numérico estatístico (percentuais e pesos relativos); interpretar os resultados: envolvem-se, nessa etapa, a compreensão e a análise dos resultados obtidos pelo programa. Esse minicurso tem como público-alvo os interessados em desenvolver pesquisas que lidam com dados quantitativos, por ser um importante programa de análise estatística.

19 - O FANTÁSTICO NA LITERATURA DE EXPRESSÃO AMAZÔNICA: ENSINO E PESQUISA

PROPONENTES: Jandir Silva dos Santos (UFAM-PPGL), Vinicius Milhomem Brasil (UFAM/FAPEAM)

ÁREA TEMÁTICA: 15. Literatura e ensino

RESUMO: Objeto de interesse de pesquisadores como Todorov e Tolkien, principais responsáveis por organizarem metodologias para o seu estudo, o Fantástico oferece diversas possibilidades de manifestação no universo literário, mas considerando tal diversidade, podem proposições teóricas de matriz europeia contemplarem as múltiplas maneiras de como o Fantástico acontece em contextos tão diferentes do espaço europeu, como é o caso da região amazônica? Este minicurso propõe-se a discutir teorias que pensem a ocorrência do Fantástico no espaço nacional – em especial, Krüger (2011), Fares (2013) e Matangrano (2018) – a fim de que, por meio disso, sejam discutidas perspectivas de ensino a partir de textos literários. A leitura de contos presentes em Rodrigues (2018), Lana (1989), Telles (2009), Bentes (2014) e Santos (2016) servirão como ferramenta metodológica para discussão da manifestação do Fantástico na literatura de expressão amazônica, com o objetivo de que sejam explorados novos caminhos para sua compreensão em sala de aula, de acordo com os apontamentos referentes à fruição literária propostos por fontes como Cândido, Cosson (2009) e a Base Nacional Curricular (2016). O minicurso é destinado a professores em formação ou que já integrem o corpo docente do ensino público/privado, para que obtenham um novo recurso metodológico para o ensino da literatura, recurso que às vezes já é de domínio e conhecimento do aluno – as narrativas tradicionais –, mas pouco explorado pelo docente.

20 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E A INFLUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

PROPONENTES: Dra. Paula Tatiana da Silva Antunes (UFAC), Aline Kieling Juliano Honorato Santos (UFAC)

ÁREA TEMÁTICA: 5. Ensino de Línguas

RESUMO: A evidente desigualdade educacional brasileira levou o governo, já na Constituição Federal de 1988, prever um documento que estabelecesse os conteúdos mínimos que seriam ensinados nas redes públicas e particulares, durante a educação básica, visando à equidade no ensino. Assim, após quase trinta anos da Constituição em vigência, o Brasil homologou a Base Nacional Comum Curricular, entre os anos de 2017 e 2018, fato que estabeleceu a importância de professores/pesquisadores colocarem esse assunto como pauta de discussão neste momento. O objetivo deste minicurso, portanto, é possibilitar a necessária análise/reflexão em torno da Base Nacional Comum Curricular, mais especificamente sobre a influência que as tecnologias digitais da informação e da comunicação – TDIC – exerceram sobre o documento. Para isso, apresentaremos, primeiramente os marcos legais que embasam a BNCC, bem como a estrutura geral do documento; em seguida, focalizaremos o papel dado às TDIC, em especial, no componente curricular Língua Portuguesa, esclarecendo o quanto é importante que os cursos de licenciatura em Letras preparem os graduandos para o ensino de línguas centrado em gêneros discursivos diversos, desde os mais tradicionais aos que encontraram um papel de destaque na hipermídia, tais como vlog, vídeominuto, fanfic, detonado e podcast. Como referencial teórico, selecionamos, em Rojo (2012; 2013), as discussões em torno de multiletramentos e a revisita à teoria bakhtiniana dos gêneros discursivos em textos contemporâneos multissemióticos; em Rojo e Barbosa (2015), os gêneros hipermidiáticos e o papel da escola. O público-alvo do minicurso são professores formadores e graduandos dos cursos de Licenciatura em Letras, professores de língua portuguesa e/ou estrangeira do ensino básico. Por meio deste minicurso, espera-se oportunizar aos participantes um momento de reflexão e discussão sobre a BNCC, enfatizando os gêneros discursivos multissemióticos, compreendidos como aprendizagens essenciais no componente curricular de Língua Portuguesa.

21 - O ENSINO DA POESIA AFRO-BRASILEIRA: CULTURA, MEMÓRIA E IDENTIDADE

PROPONENTES: Dra. Rosidelma Pereira Fraga (UERR)

ÁREA TEMÁTICA: 15. Literatura e ensino

RESUMO: Este minicurso tem como foco explicitar a análise literária de obras escritas por autores negros no Brasil ou que a tessitura da lírica seja construída a partir de um eu-enunciador que-se-quer-negro em constante resistência. O minicurso visa discutir conceitos sobre literatura afro-brasileira, literatura negra, literatura negro-brasileira e literatura de minorias, com base em Zilá Bernd (2007), Assis Duarte (2013), Domício Proença Filho (2008), Benedita Damasceno (2012) e Félix e Guatarri (2007). Propõe um estudo sobre a identidade na cultura negra a partir de Stuart Hall (2009), memória e subjetividade na poesia lírica, conforme Paulo Henriques Britto (2009) e outros. A proposta tem como objetivo fulcral apresentar o ensino por meio de pesquisas no âmbito da Pós-Graduação realizadas na disciplina Análise da poesia afro-brasileira e do conto africano e no grupo de pesquisa África e Roraima: cultura, memória e identidade. Assume-se a meta de disseminar obras escritas por mulheres negras nos diversos espaços literários, a saber: livro impresso, blogs, saraus, vídeos em redes sociais e outros espaços em que a mulher negra assume a voz em defesa de combate ao machismo, racismo, misoginia e outros temas. Em suma, esta proposta contribuirá para reflexões acerca dos temas em questão, além de proporcionar a valorização da cultura, identidade, memória e africanidade. Sob esse prisma, consideram-se as vozes femininas contemporâneas, tais como: Conceição Evaristo (2014), Ana Cruz (2008), Esmeralda Ribeiro (2012), Jussara Santos (2005), Elisa Lucinda (2017), Oliveira Silveira (1998), Cuti (1978), bem como a Antologia de poesia afro-brasileira, de Bernd (2013). A proposta visa discutir sobre a luta de mulheres negras frente ao preconceito instaurado pela cor da pele, pelas diferenças sociais e pela imposição da invisibilidade arraigada no discurso da sociedade e da literatura das minorias.

22 - OLIMPÍADA BRASILEIRA DE LINGUÍSTICA: O QUE É, DO QUE SE ALIMENTA?

PROPONENTES: Ms. Eduardo Cardoso Martins (UFAM-UnB), Bruno Lopes L´Astorina de Andrade (OBL)

ÁREA TEMÁTICA: 5. Ensino de Línguas

RESUMO: As línguas, enquanto instrumentos de dominação, identificação e afirmação, são comumente objetos de disputa social envolvendo muitos atores. Em nosso país, muitas línguas se veem envolvidas nesse complexo processo social: não só a língua portuguesa, mas também as línguas indígenas, de imigrantes e de sinais. Embora a Linguística tenha uma voz fundamental nesse campo, frequentemente os linguistas não ocupam os espaços cabíveis na divulgação e no ensino da sua ciência, em especial nas escolas. Um instrumento possível para contribuir nessa direção são as Olimpíadas de Linguística, surgidas na academia russa na década de 1960, dentro do contexto das demais olimpíadas de conhecimento e do que hoje é chamado de pedagogia baseada em problemas. Problemas de linguística são potencialmente centrais em uma educação multidisciplinar, porque convergem o desenvolvimento das habilidades comunicativas de cognição, estruturação e a sensibilização da diversidade cultural e social do mundo humano, o que faz convergir as áreas de exatas, ciências humanas, ciências sociais e artes. Este minicurso estará dividido em duas partes: na primeira, faremos um apanhado teórico, discutindo: a) história e concepção das olimpíadas de linguística no mundo; b) estrutura e funcionamento da Olimpíada Brasileira de Linguística, e como criar pontes concretas de pesquisa, ensino e extensão nas escolas e nas universidades; e c) pedagogia baseada em problemas e pedagogia olímpica: uma visão de ensino voltada à autonomia. Na segunda parte, passamos à discussão do gênero textual específico dos problemas autosuficientes de linguística, fazendo alguns exercícios práticos de como resolver problemas e como testar e compor problemas novos. A intenção é que os participantes se apropriem dos aspectos técnicos do gênero e, ao mesmo tempo, tenham uma ideia clara sobre como utilizar os problemas como instrumento de divulgação e como estratégia pedagógica no ensino de linguística.

23 - O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ANCORADO NA TEORIA SOCIAL DO DISCURSO: POR UMA VISÃO DISCURSIVA DA SALA DE AULA

PROPONENTES: Dra. Nilmara Milena da Silva Gomes (UERR), Dra. Verônica de Oliveira Magalhães (UERR)

ÁREA TEMÁTICA: 5. Ensino de línguas

RESUMO: O cenário atual do norte do Brasil, em especial Roraima e Amazonas, em que convivem brasileiros, venezuelanos, guianeses e imigrantes dos mais diversos países e das mais diferentes regiões do Brasil, evidencia a realidade multilinguística que desmistifica a crença em um Brasil monolíngue. Frente ao exposto, refletir sobre o ensino de Língua Portuguesa é relevante para compreender as formações discursivas em contexto multilíngue, haja vista a intensa migração de venezuelanos indígenas e não indígenas tanto para Roraima quanto para o Amazonas nos últimos anos. Nesta perspectiva, este minicurso se propõe a apresentar a Teoria Social do Discurso proposta por Fairclough (2001), que compreende a linguagem como forma de prática social, com o objetivo de oportunizar aos profissionais que atuam com o ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa, o conhecimento dos fundamentos dessa teoria. Desse modo, almeja-se instrumentalizar os professores e futuros professores para que, de posse de pressupostos teóricos que trazem o discurso em seu âmago, promovam reflexões sobre o uso da língua como forma de prática social, de modo a aperfeiçoar a prática pedagógica. O minicurso se organizará em torno da reflexão que parte da escola e sua relação com a sociedade, mais precisamente, da representação de língua construída na escola por professores que lecionam Língua Portuguesa. Algumas razões sustentam esse caminho: em primeiro lugar, a relação entre o ensino de língua e a sociedade atual que segue o senso comum responsável por ligar representações de língua convencionais ao ensino/aprendizagem e à escola; em segundo lugar, pela almejada visão discursiva da sala de aula, sugerindo que esta possa tornar-se um lugar em que as teorias sejam aplicadas.

24 - DAS POSSIBILIDADES DO IMPOSSÍVEL: UM INVENTÁRIO DE ESPECULAÇÃO DA ANIMALIDADE A PARTIR DA LITERATURA

PROPONENTES: Jamerson Eduardo Reis Silva (UEA-PPGLA)

ÁREA TEMÁTICA: 16. Literatura e interfaces

RESUMO: O presente minicurso pretende apresentar um percurso da representação da animalidade em literatura, a partir de três eixos: As fronteiras entre humanidade e animalidade, modos de representação e não representação da animalidade e o bestiário como forma zoopoética. Para tal, o curso se vale do suporte teórico presente nos textos de Derrida (2011), Agamben (2004), Deleuze e Guattari (2012), Maciel (2016), Despret (2016) e Harraway (2016). Além da exposição das principais questões teóricas com base nos eixos e autores citados, os participantes serão convidados a discutir tais questões a partir de textos literários previamente selecionados para leitura durante o curso.

25 - O PROCESSAMENTO DA LEITURA HIPERTEXTUAL

PROPONENTES: Lorena de Lima Ferreira (UFAM-PPGL), Joaquim Bento de Souza Junior (UFAM-PPGL)

ÁREA TEMÁTICA: 9 - Gêneros textuais e letramentos

RESUMO: O hipertexto é um fenômeno antigo que sempre despertou interesse dos estudiosos da linguagem, mas nos últimos anos tem demandado novos olhares, em razão do maior acesso aos espaço de escrita online, assim, considerando a relevância do tema no âmbito das discussões sobre texto, leitura e sentido, este minicurso tem por objetivo abordar o processamento de leitura hipertextual, de modo a traçar "possíveis caminhos" de leitura de acordo com informações disponibilizadas e/ou percursos oferecidos pelos links e hiperlinks a partir de um corpus selecionado em mídias digitais. Como suporte teórico, traremos Marcusch (2001), Koch (2007), Xavier (2010), Gomes (2011) e Coscarelli (2016). Desta forma, a primeira parte do curso será dedicada à exposição conceitual sobre leitura e hipertextualidade; ao perfil dos leitores dos textos online; e a questões organizacionais dos hipertextos, como links e elementos textuais que influenciam e orientam a leitura hipertextual. Num segundo momento, passaremos à análise do corpus e à aplicação de atividades práticas, tendo em vista as características e nuances do processamento de leitura e seus desdobramentos no que diz respeito ao comportamento hipertextual dos leitores na produção de sentidos.

26 - INTRODUÇÃO À PSICOLINGUÍSTICA EXPERIMENTAL: AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM

PROPONENTES: Dr. Márcio Martins Leitão (UFPB), Dra. Ana Paula Martins Alves Salgado (UFRA)

ÁREA TEMÁTICA: 4. Estudos de Cognição

RESUMO: O objetivo do minicurso é apresentar os conceitos teóricos básicos relacionados à Psicolinguística Experimental e também os procedimentos metodológicos específicos dos estudos experimentais na área da Aquisição e do Processamento da Linguagem, como leitura automonitorada, rastreamento ocular, priming, etc. Além disso, mostraremos exemplos concretos de experimentos relacionados a vários fenômenos linguísticos e a algumas interfaces aplicadas, como estudos de processamento em indivíduos com algum tipo de déficit ou patologia referentes à linguagem (TDAH, Dislexia, Afasia, entre outros), ou ainda estudos relacionados ao entendimento de como bilíngues processam a linguagem, além de estudos recentes na interface entre Psicolinguística e Educação. Apresentaremos, em linhas gerais, os laboratórios existentes no Brasil e os principais pesquisadores da área. Acreditamos que o minicurso pode servir como fomento a reflexão e a discussão sobre o potencial da Psicolinguística Experimental nessas interfaces, gerando e ampliando as pesquisas da área na região Norte, onde ainda são muito incipientes os estudos em Psicolinguística Experimental. Por isso, também temos a intenção de, a partir da introdução sobre a área, buscarmos professores, alunos e pesquisadores interessados em compor parcerias para investigações futuras sobre Aquisição e Processamento linguístico na região Norte.

27 - O ENSINO DE LITERATURA NA BNCC: RUPTURA E CONTINUIDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL

PROPONENTES: Dra.Tânia Toffoli (UNICAMP/UERGS)

ÁREA TEMÁTICA: 15. Literatura e Ensino

RESUMO: Partindo das teorias críticas, pós-críticas e contemporâneas do currículo, pretende-se discutir a posição do ensino de literatura ao longo da Educação Básica, culminando na questão da formação do professor. Para isso inicio com uma breve exposição dessas teorias a partir de Macedo (2017), discutindo a não neutralidade do currículo e suas relações com as culturas e disputas do campo na sociedade, e de algumas ideias de Compagnon (2009) sobre os poderes da literatura e seu papel na sociedade contemporânea e na escola e de Frye (2017) relativas ao ensino de literatura, focando especialmente na alusividade literária. Em seguida analiso os textos da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) para Educação Infantil e Ensino Fundamental com enfoque no conceito de infância e sua relação com o lugar da arte e principalmente da literatura. A partir das análises são problematizadas uma das rupturas – a diminuição gradativa da centralidade da afetividade e da arte – e uma das continuidades – o privilégio de uma abordagem linguística da literatura em detrimento de outras. Por fim, são propostos questionamentos sobre possibilidades de problematização dos aspectos discutidos em sua relação com a formação do professor, apontando para problemas do tecnicismo e do utilitarismo que levam à falta de consideração do processo histórico inerente ao ensino de literatura e do percurso gradativo e de longo prazo necessário para a criação de repertórios literários pautados na diversidade tanto na formação de professores quanto de alunos.

28 - DA SOCIOLINGUÍSTICA À DIALETOLOGIA PLURIDIMENSIONAL

PROPONENTES: Dra. Marília Silva Vieira (UEG)

ÁREA TEMÁTICA: 21 – Sociolinguística e Dialetologia

RESUMO: Este minicurso pretende apresentar o arcabouço teórico-metodológico e os conceitos que subjazem às duas principais correntes dos estudos de variação, a Sociolinguística e a Dialetologia. Enquanto o termo Dialetologia é anterior à configuração da Linguística como ciência, a Geografia linguística ou Geolinguística, método da Dialetologia, desponta com as pesquisas Wenker (1881) e Gilliéron (1902). Por sua vez, a Sociolinguística, consagrada com as pesquisas de Labov (1972), surge diante da lacuna deixada pelo Formalismo linguístico, que havia preterido da sua agenda uma discussão satisfatória sobre a mudança linguística. Nesse sentido, a Sociolinguística enfoca os padrões linguísticos verificados em uma comunidade de fala, analisando a heterogeneidade de forma sistemática, por meio de regras variáveis. Com a consolidação dessa corrente de estudos, houve o aprimoramento de modelos científicos para descrever a variação linguística, fato que influenciou a Dialetologia de forma direta, a partir da elaboração de um novo método geolinguístico, conhecido por Dialetologia Pluridimensional, tal como o denominam Radtke e Thun (1998). Nesse novo modelo, observa-se a inserção de variáveis sociais e linguísticas, além da clássica variável diatópica. Com base nesse panorama epistemológico, o presente minicurso discorrerá sobre a complexidade que os mapas linguísticos adquiriram a partir da inserção de novas dimensões de análise, como a diastrática, a diafásica e a diagenérica. Desse modo, entre outros objetivos, o minicurso se dedicará a explicar como a Dialetologia deixa de ser monodimensional para ser pluridimensional.

29 - A CONTRIBUIÇÃO DA SEMÂNTICA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS

PROPONENTES: Michely Ferreira (SEDUC-AM), Geceilma Oliveira Pedrosa (IFAM)

ÁREA TEMÁTICA: 11. Língua brasileira de sinais

RESUMO: O presente minicurso intitulado: A contribuição da semântica no ensino de Língua Portuguesa para surdos, tem como objetivo principal refletir sobre a produção de sentidos na leitura empreendida pelos surdos a partir de gêneros textuais. Por serem usuários da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e pelo fato de que a Lei nº10.436 de 24 de abril de 2002, em seu parágrafo único afirma que "a Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa", o que implica dos surdos tornarem-se sujeitos bilíngues e em decorrência das diferenças gramaticais e do modo de percepção e produção da língua portuguesa (L.P), muitas vezes os mesmos encontram dificuldades na compreensão de sentidos presentes nos textos. No entanto, o professor ao tentar ressignificar o processo de ensino de LP como L2, surge um questionamento que é a mola propulsora desta pesquisa: que estratégias podem ser utilizadas e que facilitam o processo de produção de sentidos na leitura de signos em uma língua de modalidade oral-auditiva como a Língua Portuguesa? Portanto, com esta proposta, pretendemos mostrar algumas estratégias utilizadas em sala de aula, que já foram aplicadas com alunos surdos do1º e 3º ano da Escola Estadual Frei Silvio Vagheggi, umas das redes de ensino inclusiva em Manaus.

30 - BICHOS E VISAGENS NA LITERATURA INDÍGENA AMAZONENSE

PROPONENTES: Francisco Bezerra dos Santos (UEA-PPGLA), Jackeline Mendes Brandão (UEA-PPGLA)

ÁREA TEMÁTICA: 12. Línguas, poéticas e culturas indígenas

RESUMO: A literatura indígena é uma produção recente, mas não menos complexa. Os textos indígenas começam a aparecer no final do século XX e no século XXI ganham maior visibilidade. Esses textos são escritos por líderes indígenas que expõem suas próprias versões da vida ameríndia. No Amazonas, em particular, existe um grande número de escritores representantes de etnias indígenas que descrevem seus costumes, mitos e lendas em narrativas provenientes da oralidade que são transcritas para o formato de livro. Nessas narrativas é muito comum a convivência entre homens e bichos no espaço da floresta. Além disso, nessa literatura é impossível não se deparar com histórias de visagens que causam espanto e admiração no leitor. Geralmente, esses entes fantásticos advertem sobre algum perigo ou desobediência às leis da natureza. Diante dessas reflexões, essa proposta de minicurso tem como objetivo apresentar uma abordagem sobre o animal na literatura, algumas considerações sobre a relevância e função de bichos e seres sobrenaturais na literatura de autoria indígena amazonense, bem como analisar juntos aos participantes a relação entre humanos e não humanos a partir da leitura de algumas narrativas. As considerações feitas por este minicurso terá como suporte teórico estudiosos da literatura indígena brasileira, a saber: Thiél (2012), Graúna (2014), Dorrico (2018), entre outros.

31 - HISTÓRIA E MEMÓRIA: A POESIA NUA DE ADÍLIA LOPES

PROPONENTES: Rayesley Ricarte Costa (UFAM)

ÁREA TEMÁTICA: 17. Literatura, História e Memória

RESUMO: Neste minicurso, busca-se a compreensão da produção literária de Adília Lopes, autora contemporânea portuguesa, que se inscrevera no campo literário em 1985 com Um jogo bastante perigoso. O que se apresenta são os resultados de dois anos de pesquisa, estando o primeiro ano ligado à condição feminina no contexto português e o segundo ligado à reconstrução da identidade feminina ferida, em aspecto mais geral. Não é pretendido, certamente, com a leitura e análise dos poemas de Adília, traçar perfis femininos, mas propor leituras possíveis, abertas à complementação. Importante dizer que por estar Adília num grupo ainda à margem, o estudo de sua criação literária faz com que a História, a que é mostrada nos livros didáticos, ou aquela que as estruturas de controle querem única, seja discutida a partir de outra perspectiva, a do feminino, posto que as vozes dos poemas adilianos são quase sempre – se não sempre – femininas e estão a denunciar as violências a que o sujeito feminino é submetido. Estas vozes dão voz a outras mulheres, que se encontram ainda subalternas, dadas as relações de poder e violência, que ainda permeiam as relações de gênero. Para subsidiar a proposta, além de Dobra: poesia reunida (2014), de Adília Lopes, o minicurso vale-se dos estudos de Fernando Rosas (2001), João Gomes Esteves (2001), Irene Vaquinhas (2002), Patrícia Rocha (2009), Octávio Paz (2014), Ana Bela Almeida (2016), entre outros.

32 - TÓPICOS SOBRE A PESQUISA INDIGENISTA NO BRASIL: MÉTODOS DE TRABALHO DE CAMPO

PROPONENTES: Kelly Edinéia Oliveira da Silva (UFPA-PPGL), Carla Daniele Nascimento da Costa (UFPA-PPGL)

ÁREA TEMÁTICA: 12. Línguas, poéticas e culturas indígenas

RESUMO: Este minicurso apresentará algumas questões fundamentais da pesquisa linguística indigenista, dando especial atenção às pesquisas desenvolvidas no âmbito brasileiro. Questões como o porquê de se estudar línguas indígenas, a classificação das línguas indígenas amazônicas e metodologias de documentação, descrição e análise de línguas indígenas serão o foco deste minicurso. O minicurso oferecerá aos participantes a oportunidade de conhecer os principais conceitos e métodos desta área de estudo da linguística. Num primeiro momento do minicurso, apresentaremos um panorama geral das línguas indígenas, no qual retrataremos a classificação das línguas indígenas amazônicas apontada por Moore, Galúcio e Gabas Junior (2008), onde o agrupamento das línguas indígenas amazônicas – muitas delas faladas em território brasileiro – estão organizadas em troncos linguísticos, famílias e algumas línguas isoladas. Num segundo momento, abordaremos a importância de se estudar as línguas indígenas, cuja relevância pode ser agrupada em dois grandes eixos (ou duas grandes motivações) que impulsionam os estudos linguísticos indigenistas, são eles: o fator científico – as línguas indígenas fazem parte das mais de 6 mil línguas naturais faladas no globo terrestre que servem de objeto de estudo para a linguística enquanto ciência – e o fator social – o auxílio à preservação de línguas minoritárias que muitas comunidades indígenas reivindicam. Por fim, desenvolveremos atividades práticas com os participantes, nas quais daremos ênfase ao uso de um software amplamente utilizado por linguistas na documentação, descrição e análise de dados de línguas, o ELAN.

33 - LETRAMENTO DIGITAL NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: TECNOLOGIAS PARA ENSINAR E APRENDER

PROPONENTES: Ms. Thays Coelho de Araújo (UEA)

ÁREA TEMÁTICA: 9. Gêneros Textuais e Letramentos

RESUMO: Os conceitos de escola e de práxis educacional têm mudado após o surgimento e a consolidação da cibercultura em meados de 70. Desse modo, passou-se do cenário de uma educação erudita para uma arena de discussões que tratam da necessária relação entre prática educativa e utilização de recursos tecnológicos presentes em uma sociedade cada vez mais letrada digitalmente. Assim, o presente minicurso preocupa-se com a atualização de um diálogo sobre a presença do letramento digital nas aulas de Língua Portuguesa, uma vez que esse conceito fomenta novas formas de ler e de escrever. Nessa perspectiva, tem-se por objetivo propor ferramentas, atividades e aplicativos que possam ser utilizados em sala de aula. Busca-se, portanto, auxiliar a formação de professores, oferecendo a eles subsídios práticos, teóricos e contemporâneos nas áreas de linguagem e de educação. Para isso, este curso alinha-se aos preceitos teóricos do letramento, pensados por (SOARES, 2006; 2008), (KLEIMAN, 2007), para as quais o termo designa um conjunto de práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e como tecnologia. Além disso, centrase na noção de letramento digital, uma parte integrante dos multiletramentos, os quais lidam com uma nova realidade linguístico-textual, o hipertexto, defendido por (ROJO, 2009; XAVIER, 2009; BRAGA, 2007; DIONISIO, 2008). Fundamentando a relação do professor com a sua formação tecnológica, este curso ancora-se em (LEVY,1998; CESARINI, 2004; KAY, 2006). Desse modo, as atividades realizadas no minicurso possibilitarão aos cursistas desenvolver a reflexão linguística e o letramento digital dos seus alunos ou futuros alunos.


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